A Revolução Liberal Portuguesa de 1820

 A Revolução Liberal Portuguesa de 1820 ___________________

1806
Bloqueio Continental
1807
Saída da Família Real para o Brasil.
1ª Invasão Francesa
1808
Abertura dos portos Brasileiros.
1809
2ª Invasão Francesa.
Beresford no exército Português.

1810
3ª Invasão Francesa.
Tratado comercial entre Portugal e a Inglaterra (luso-britânico).
1815
Elevação do Brasil á categoria de Reino
1818
Criação do Sinédrio – associação secreta, cujos membros pertenciam a quase totalidade, à Maçonaria.
1820
Revolução Liberal Portuguesa
1822
Independência do Brasil


Antecedentes e Conjuntura (1807-20)____________________
·         Portugal, no início do século XIX, encontrava-se desprovido de ideias iluministas, traduzidas no liberalismo. Essas naturalmente, tomaram como centro a França, e daí irradiavam para o restante da Europa.
·         O príncipe D. João (futuro D. João VI), que o Estado de loucura da sua mãe, D. Maria I, o fizera regente, governava um país profundamente arreigado ao Antigo Regime. As actividades primárias predominavam. Pesadas obrigações senhoriais condenavam o campesinato à miséria.
- Economia eminentemente agrícola
A vida era arcaica e simples. Apesar do Marquês de Pombal ter reconstruído uma Lisboa moderna, a modernidade não chegou a todos.
·         Instituições como a Real Mesa Censória (zelava pela interdição de obras consideradas subversivas) e a Intendência Geral da Polícia (repressão aos ideais iluministas), anteriormente criadas por M. de Pombal, defendiam os interesses do poder político absolutista, através de acções repressivas e da censura.
·         Porém, uma burguesia comercial ansiava pela mudança. Assim como um grupo restrito de intelectuais que frequentavam cafés e botequins. Constituíam um terreno fértil para a propagação dos ideais da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade vindas de França. Muitos filiavam-se à lojas maçónicas e iniciam uma forte crítica a toda organização do país, pugnavam pelo exercício de liberdade política e económica, pelo fim dos privilégios sociais, dos constrangimentos religiosos, do fanatismo, em suma, da TIRANIA.
O que vai favorecer a concretização destes anseios dos iluminados serão as Invasões Francesas.

                Política
                Economia
                    Social
No início do século XIX Portugal vivia sob um regime absolutista
Economia essencialmente agrícola
Insatisfação popular
Reinado de D. João VI
O comércio decrescia devido à abertura dos portos brasileiros.
Povo estava descontente pela ausência do rei
A família real ‘foge’ para o Brasil
Actividade primária
Marcado feudalismo
Toma o poder Beresford (inglês)
Gasta-se mais do que entra no país
Vida quotidiana rural e arcaica
Proteccionismo inglês
                           -
Há uma burguesia descontente com a emancipação do Brasil e abertura de seus respectivos portos.



O que é...__________________________________
Maçonaria – Sociedade secreta, espécie de confraria laica, cuja doutrina tem como rótulo a fraternidade e a filantropia (amor à humanidade) universais. Um dos ideais era a construção de uma nova política surgida da consciência burguesa e da filosofia das luzes. Na época das invasões francesas (1807-10), existiam condições propícias ao engrossamento dos quadros maçónicos. Torna-se visível o contributo da ideologia maçónica para a instauração do liberalismo.
Sinédrio – Foi uma associação secreta criada em Portugal pelo juiz desembargador portuense Manuel Fernandes Tomás e por José Ferreira Borges, José da Silva Carvalho e J. Ferreira Viana, no porto em 22 de Janeiro de 1818. A criação do Sinédrio dá-se após a Revolução falhada em Lisboa pelo General Comes Freire de Andrade, que visava o fim do domínio inglês sobre Portugal através da instauração de uma monarquia constitucional.
Sufrágio universal, em oposição ao sufrágio restrito, consiste na extensão do sufrágio, ou o direito de voto, a todos os indivíduos considerados intelectualmente maduros (em geral os adultos). O sufrágio universal pode ser directo, quando todos os eleitores votam, ou indirecto, quando, normalmente, os eleitores elegem um colégio eleitoral o qual, por sua vez, elege um dos candidatos à magistratura em questão.
Sufrágio censitário é a restrição do sufrágio, ou direito de voto, em oposição ao chamado sufrágio universal. O sufrágio é restrito quando o poder de participação se confere somente àqueles que preenchem certos requisitos económicos, sociais e culturais.
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A implantação do liberalismo em Portugal em 1820______________
Antecedentes e Conjuntura (conjunto de factores de origens diversas)
àA coexistência do Antigo Regime e de forças predispostas à inovação
àSociedade de ordens, fortemente hierarquizada onde prevaleciam os privilégios do clero e da nobreza;
àEconomia agrícola, de fraco rendimento em que os camponeses viviam na dependência dos senhores das terras;
àSistema político absolutista submetido à regência do príncipe D. João e à repressão ditada pela Inquisição, pela Real Mesa Censória e pela Intendência da Polícia.
Forças de Inovação
àMaçonaria – organização secreta que defendia os princípios/valores iluministas;
àBurguesia comercial desejosa de afirmas socialmente (a burguesia portuguesa queria afirmar-se e poder político -> semelhante à Rev. Francesa).
Contexto que levou às 3 invasões (antecedentes)
o   1806 – Bloqueio Continental (decidido a abater o poderio da Inglaterra, Napoleão Bonaparte decretou em finais de 1806, o Bloqueio Continental, nos termos do qual nenhuma nação europeia deveria comerciar com as Ilhas Britânicas.
o   1807 – Tratado de Fontainbleau - assinado em 27 de outubro, entre a Espanha e a França, definindo a ocupação de Portugal e propondo a divisão do país em três reinos após a Guerra Peninsular - o Reino da Lusitânia Setentrional, Portugal (reduzido em tamanho) e o Algarve  (expandido para incluir o Alentejo).
o   Portugal desrespeita o Bloqueio C. Como consequência é invadido 3 vezes
1.      Junot – 1807 (chega a Lisboa)
2.      Soult – 1809 (chega ao Porto) retira-se após o envio de reforços ingleses
3.      Massena – 1810-11 (chega Massena até Torres Vedras onde é interceptado pelas forças de Wellington)
- Tratado de Fointainbleau (27 de Outubro de 1807)
      A Conjuntura Política, económica e sociais pós-invasões e a revolução de 1820
àAs invasões podem ser consideradas a causa indirecta da Revolução de 1820, na medida em que criaram a conjuntura propícia à mudança, a vários níveis:
a) Político
b) Económico
c) Social
I – Conjuntura Política
è 1807 - Saída da família real e da corte para o Brasil. Foi entendida pelos súbditos como uma fuga contribuindo para o descrédito da monarquia. (Porém foi uma retirada estratégica).
1ª invasão - Lisboa
è Na ausência de D. João VI o país ficou sob o domínio do general Beresford – presidente da Junta Governativa (Beresford chega depois da derrota de Junot).

Beresford______________________________________________________________
O Marechal Beresford, incumbido de reestruturar o exército e organizar a defesa do Reino contra os Franceses, tornou-se generalíssimo das tropas portuguesas, nas quais os Britânicos ocupavam as mais altas patentes. Os seus poderes chegaram a sobrepor-se aos da Regência. Executou um rigoroso controlo sobre o funcionalismo e a economia, reactivou a Inquisição e encheu as prisões de suspeitos de jacobinismo. A repressão de Beresford atingiu laivos particularmente cruéis em 1817, quando o general Gomes Freire de Andrade e mais 11 oficiais do exército foram executados, por suspeita de envolvimento numa conspiração.
Acção de Beresford
1. Organizou a defesa contra os franceses;
2. Controlou a economia
3. Exerceu repressão sobre o liberalismo nascente;
4. Conquistou o ódio dos militares que perdiam postos militares para os ingleses
5. A generalidade do povo via-o como prepotente (episódio de Gomes Freire – 1817 – militar enforcado em público para que as ideias iluministas não se disseminassem), (a revolução foi desencadeada aproveitando-se a sua ausência no Brasil).
II – Conjuntura Económica
1.      Destruições causadas pela passagem de 3 invasões – desorganização de todos os sectores económicos e défice financeiro (4 anos de guerra com a França deixaram o país na miséria. A agricultura, o comércio e a indústria foram profundamente afectados e o património nacional sofreu importantes perdas em consequências do saque de mosteiros, igrejas e palácios).
2.      Medidas tomadas pelo rei no Brasil fazem crescer a economia brasileira mas descontentam a burguesia portuguesa.
1808 -> Abertura dos portos brasileiros (Esta medida contribuiu para o decrescente comércio e agricultura portuguesa.)
Vão favorecer ao crescimento da burguesia brasileira, por oposição ao decréscimo da economia burguesa portuguesa.
1810 -> Tratado de comércio com a Inglaterra favorece a entrada de manufacturas inglesas no mercado brasileiro.
III – Conjuntura social
àA burguesia, o grupo mais afectado pela crise no comércio e na indústria, era o mais descontente, logo estava mais predisposta à mudança
          1818 – Manuel Fernandes Tomás funda, no Porto, o Sinédrio – associação secreta que vai planificar a rebelião.
                      
                            ___A Revolução de 24 de Agosto de 1820___
                                        O triunfo da Revolução vintista
Em Janeiro de 1820, a Espanha uma revolução liberal restaurou a Constituição de 1812. Desde então, Portugal passa a receber muita propaganda liberal. Em Março, Beresford parte para o Brasil em busca de mais dinheiro para os gastos militares e mais poder para a repreensão dos liberais.
A ausência do temido marechal favoreceu a acção do Sinédrio, cujos membros se lançaram com entusiasmo no aliciamento de figuras militares capazes de consumar a tão desejada revolução. Esta viria a ocorrer em 24 de Agosto de 1820.
·         O movimento articulado no Porto pelo Sinédrio eclodiu no dia 24 de Agosto de 1820.
·         Grupo de militares foram para Santo Olvídio (actual praça da República) onde formaram em parada e uma salva de artilharia anunciou publicamente o levante
·         Revolucionários reuniram-se nas dependências da Câmara Municipal, onde constituíram a ‘’Junta Provisional do Governo Supremo do Reino” – que governou o país por 4 meses.
·         O movimento contou com o apoio de todas as camadas sociais, o clero, o exército português e a população em geral.
·         Entre as suas reivindicações, exigiu convocar as Cortes para elaborar uma Constituição para o país, defendendo a autoridade régia e os direitos dos portugueses. Adicionalmente pretendia:
1.      O imediato retorno da Corte para Portugal, visto como forma de restaurar a dignidade da antiga metrópole, deslocada para o Brasil;
2.      A restauração da exclusividade de comércio com o Brasil (reinstauração do pacto colonial).
                                                  ___O VINSTISMO___
Liberalismo de tipo radical que vigorou em Portugal através da Constituição, entre 1822 e 1826, muito embora ameaçado de golpes absolutistas desde 1825.
             Medidas tomadas no período vintista
§  Elaboração da Constituição de 1822
§  Instituição do parlamentarismo
§  Instituição da Liberdade de Expressão
§  Extinção da Inquisição e da censura
§  Abolição dos traços do antigo regime.
a) Eliminação dos privilégios
b) Abolição da dízima
c) Reforma dos forais (“Cartas de Lei”)
_A Constituição de 1822___________________________
§  Sistema bicameral: Uma câmara de Deputados do Povo e uma Câmara alta que representaria as classes superiores.
§  Sociedade de ordens abolida com a aprovação da Constituição
§  Divisão tripartida dos poderes (executivo, legislativo e judicial)
§  Igualdade dos cidadãos perante a lei, direitos, liberdades e garantias do cidadão
Apesar de defender a igualdade, apenas algumas pessoas poderiam votar.
Coube às CORTES a elaboração do mais antigo texto constitucional português, assinado pelos deputados em Setembro de 1822 e jurado pelo rei D. João VI em Outubro.
- Reconhece os direitos e deveres do indivíduo, garantindo a liberdade, a segurança, a propriedade e a igualdade perante a lei; afirma a soberania da Nação, cabendo aos varões maiores de 25 anos que soubessem ler e escrever (voto censitário, a maioria da nação não tinha direito de voto), a eleição directa dos deputados; e aceita a independência dos poderes legislativo, executivo e judicial.
Em contrapartida, não reconhece qualquer prerrogativa á nobreza e ao clero e submete o poder real à supremacia do poder executivo.
Demasiado progressista para o seu tempo, a Constituição de 1822 foi fruto da facção mais radical dos deputados presentes às Cortes Constituintes, cuja acção se projectou no chamado Vintismo.
Vintismo – Tendência do liberalismo português, instituído na sequência da Revolução de 1820 e consagrada na Constituição de 1822. Caracteriza-se pelo radicalismo das suas posições, ao instituir o dogma da soberania popular, ao limitar as prerrogativas reais e ao não reconhecer qualquer situação de privilégio à nobreza e ao clero.
Violentas e azedas polémicas desencadearam-se em torno da questão religiosa, da estrutura das câmaras e da natureza do veto régio.

1820
Revolução Liberal (1820-24) Agosto – Porto
1822
Constituição vintista / Independência do Brasil
1823
Vilafrancada
1824
Abrilada
1826
Morte de D. João VI/D. Pedro outorga a carta constitucional/ D. Miguel jura a carta
1828
D. Miguel retorna a Portugal e retoma o absolutismo
1832-34
Guerra civil entre liberais e iluministas
1834
Triunfo do liberalismo. Assume o poder D. Maria II

§  Reacções absolutistas (legenda)
Críticas à constituição
§  Era demasiado progressista para o seu tempo;
§  Na sociedade portuguesa existiam 2 posições:
§  1. Progressista-democrática, defendida por Fernandes Tomás e Ferreira Borges, entre outros.
§  2.Moderada – conciliava interesses monárquicos e inclinava-se para uma constituição mais conservadora.
O Fracasso do Vintismo
·         Oposição constante das ordens privilegiadas que não queriam perder seus direitos;
·         Descontentamento das classes populares que viram a burguesia rural sair desfavorecida
·         (os deputados eram proprietários rurais);
·         Actuação anti-brasileira das Cortes – retiraram-lhe a autonomia e pretendiam impedir o seu desenvolvimento económico (era reino desde 1815)
·         Ex: só os navios portugueses podiam fazer o comércio de porto em porto em todas as possessões do império.

1834
Convenção de Évora (exílio de D. Miguel)
1835
Reformas Judiciais/ Início do Governo de D. Maria II
1836
Revolução de Setembro – figuras: Passos Manuel e Sá da Bandeira/Regresso á Constituição de 22 que termina quando entra em vigor a Constituição de 38.
1838
Constituição = Síntese da const. De 22 e carta de 26
1842
Ditadura de Costa Cabral/regresso à Carta de 26
1846
Banco de Portugal
1846-47
Maria da Fonte e Patuleia
1851
Golpe de Marechal Saldanha/Afastamento definitivo de C. Cabral/Regeneração

1836-1842 Setembrismo    
1842-51 Cabralismo




Principais medidas tomadas por:

Mouzinho da Silveira
Ferreira Borges
António Aguiar
Modernizou os velhos sistemas administrativo e judicial do país
Liberalismo económico
Extinção de todos os mosteiros, conventos, colégios e hospícios das ordens religiosas masculinas
Abolição dos morgados e capelas com rendimento inferior à 200 mil réis.
Código comercial
Extinção das ordens religiosas
Extinção das sisas, da dízima e dos forais

Vendas dos bens do clero em hasta pública
Fim dos privilégios da companhia dos vinhos do alto Douro


Nova divisão administrativa do país – províncias, comarcas, concelhos.


Nova organização judicial – círculos judiciais




                      - Constituição de 1822 e Carta Constitucional de 1826 -                         

Constituição de 1822
Constituição de 1826
Base: Constituição de Cádiz e Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
Base: Constituição do Brasil e Francesa de 1814
Religião Católica – oficial
Não há liberdade religiosa
Documento progressista e democrático que proclama os direitos e deveres individuais, a soberania da nação e a divisão tripartida dos poderes. O rei fica com escassos poderes; o governo era responsável perante as cortes
Muito mais conservadora. É um compromisso entre valores democráticos e antidemocráticos, obtendo assim um amplo apoio. Há a divisão quadripartida dos poderes, bicamaralismo das cortes. Os poderes do rei saem fortalecidos – A Carta agradava às ordens dos proprietários e aos grandes burgueses.

                                                              
                                                                 Características


Poder real limitado ao poder executivo e veto suspensivo sobre as cortes. Pode nomear secretários
Poder real ampliado – rei tem poder moderador e possibilidade de veto absoluto
Elaborada pelas Cortes Constituintes - Soberania residia na nação, representada em Cortes , eleitas por sufrágio
Outorgada por D. Pedro VI
Abolição da sociedade de ordens (defesa do princípio da igualdade)
Privilégios da nobreza recuperados ‘’garante à nobreza hereditária as suas regalias…’’
Poder Legislativo. Cortes legislativas – Câmara eleita por sufrágio directo não universal censitário (sexo masculino + 25 anos + casos particulares)
Cortes: 2 câmaras: Deputados – sufrágio indirecto e censitário
Pares – elementos das ordens superiores com título vitalício, hereditário e de nomeação régia (medidas antidemocráticas)

- Precariedade da legislação vintista de carácter socioeconómico  -
         Entre as medidas mais significativas que as Cortes tomaram, contam-se: a extinção da Inquisição e da censura prévia; a instituição da liberdade de imprensa e da liberdade de ensino (das primeiras letras); a fundação do primeiro banco Português, o Banco de Lisboa; a transformação dos bens da Coroa em bens nacionais; a suspensão dos noviciados nas ordens regulares e o encerramento de numerosos mosteiros e conventos considerados injustificáveis; a supressão do pagamento da dízima à igreja; a eliminação das justiças privadas, bem como dos privilégios de foro quanto a assuntos criminais e civis; a reforma dos forais e das prestações fundiárias.
A Legislação Vintista manifestou-se precária.
            - Desagregação do Império Atlântico: A independência do Brasil -


                Rebeliões Nacionalistas no Brasil Colonial
1710-14
Guerra dos Mascates (motivada pela rivalidade entre os senhores de engenho de Pernambuco e os homens de comércio portugueses).
1720
Rebelião de Vila Rica (Ouro Preto)
1789
Inconfidência Mineira (sucedida também em ouro preto, foi motivada, como anterior rebelião, pelas violências fiscais da administração portuguesa)
1817
Revolução Republicana de Pernambuco (provocada pela prepotência militar dos portugueses e pelos excessos da corte portuguesa)


De 1807-21 D. João VI e a corte residiram no Brasil. Transformada em sede da monarquia portuguesa e elevada a reino em 1815, a antiga colónia acusou um extraordinário progresso económico, político e cultural.
A revolução de 24 de Agosto de 1820 forçou o regresso de D. João VI que deixa o seu primogénito como regente, Pedro.
A independência veio, realmente a verificar-se em 7 de Setembro de 1822 e teve, como motivos próximos, a política antibrasileira das Cortes Constituintes de Portugal. A maioria dos deputados queria, efectivamente, restituir o Brasil à condição de colónia, rejeitando o estatuto de “Reino Unido” de que usufruía.
A independência declarada por D. Pedro nas margens do rio Ipiranga, em São Paulo, a 7 de Setembro de 1822, só viria a ser reconhecida em Portugal em 1825.
A separação do Brasil representou um rude golpe para os revolucionários vintistas. Comprometeu a recuperação financeira do país, fazendo crescer o descontentamento e a oposição.
A independência do Brasil foi como o grande fracasso da revolução vintista, responsável, talvez, pela facilidade com que o novo regime se eclipsa em 1823 e 24
Resistência ao Liberalismo
Na verdade, apesar de os vintistas terem declarado que não pretendiam violar as instituições-base do país (monarquia e religião católica), a nobreza e o clero mais conservadores iniciaram a contra-revolução absolutista. Descontentes com o radicalismo da Constituição e prejudicados pela abolição de antigos privilégios senhoriais, encontraram um declarado apoio por parte da rainha D. Carlota Joaquina e o seu filho mais novo, o infante D. Miguel.
A contra-revolução – 1823
A Vila-Francada (1823)
A contra-revolução eclodiu em 1823, com a intervenção da absolutista Espanha: dois regimentos de Lisboa revoltaram-se em Vila Franca, liderados por D.Miguel,  que dirigiu um manifesto aos portugueses.
Após o eclodir da contra-revolução, o rei D. João VI reprimiu, de forma pouco autoritária, o filho D. Miguel e tomou as rédeas da situação, remodelou o governo, entregando-o a liberais moderados e propôs alterar a Constituição, na tentativa de suavizar a doutrina imposta pelo vintismo. Porém, D. Miguel não se mostrou satisfeito e, no ano seguinte insurge-se numa nova revolta.
A Abrilada (1824):
Em Abril de 1824, os apoiantes de D. Miguel (apoiado na rainha, sua mãe) prenderam os membros do governo e lançaram o caos em Lisboa, na tentativa de levar o rei a abdicar e a entregar a regência a D. Carlota Joaquina.
O rei, ajudado pelo corpo diplomático, conseguiu, mais uma vez, destruir as pretensões dos absolutistas. A D. Miguel, enviou-o para o exílio.
O rei demonstrava brandura face às revoltas do filho D. Miguel.
A sucessão do trono português
Com a morte de D.João VI (10 de Março de 1826), surgiu o problema da sucessão, visto que o filho mais velho (D. Pedro) era imperador do Brasil e o mais novo (D.Miguel) era absolutista e encontrava-se no exílio. O falecido rei apenas remeteu o poder para um Conselho de Regência provisório, presidido pela sua filha, a infanta D.Isabel Maria.
A regência enviou uma deputação ao Brasil para resolver a questão da sucessão e D.Pedro declarou-se legítimo herdeiro. Porém, em 2 de Maio abdica da coroa portuguesa em favor da filha mais velha, D.Maria da Glória, que deveria casar com o tio D.Miguel, que assumiria a regência do reino até a princesa atingir a maioridade.
 A Carta Constitucional
A partir desse momento, D.Pedro tomou um conjunto de medidas conciliatórias, confirmando, a 26 de Abril, a regência provisória da irmã. No dia 29, outorgou um novo diploma constitucional, mais conservador e moderado: a Carta Constitucional.
Estes documentos, ao contrário das Constituições, eram cedidos pelos governantes ao povo e, por isso, esperava um reforço do poder real e o retorno dos privilégios nobres. Assim, a Carta de 1826 compunha-se de várias inovações pouco democráticas:
-          Cortes compostas pela Câmara dos Deputados eleita por voto indirecto, por indivíduos do sexo masculino que tivessem 100 réis de renda líquida  anual e pela Câmara dos Pares, que incluíam a alta nobreza e o alto clero, o rei e os infantes, nomeados vitaliciamente e de forma hereditária.
-          O rei nomeava os Pares, convocava as cortes, dissolvia a Câmara dos Deputados, nomeava e demitia o Governo, suspendia os magistrados concedia amnistias e perdões e vetava as resoluções da Corte;
-           Os direitos do indivíduo foram relegados para o fim do documento.
-          Críticas à Carta de 1826
à Antidemocrática – câmara dos pares continha deputados nomeados a título vitalício e hereditário
à Amplia os poderes do rei: o rei sai engrandecido – pode dissolver a câmara dos deputados, nomear Cortes, nomear e demitir o Governo
à Os direitos dos cidadãos vinham no fim (tal era a sua importância)
______________A guerra Civil________________
Dando cumprimento ao estipulado por D. Pedro, D. Miguel retorna a Portugal em 1828. A sua adesão ao Liberalismo vir-se-ia revelar falsa, uma vez que se fez aclamar rei absoluto por umas Cortes convocadas à maneira tradicional, isto é, por ordens. E, de imediato também se abateu uma repressão sem limites sobre os simpatizantes do Liberalismo.
A atitude dos liberais e de D. Pedro
Milhares de liberais fugiram para França e Inglaterra e organizaram a resistência. A partir de 1831, os liberais contaram com a ajuda de D. Pedro que abandonou o trono imperial para lutar pelo trono da filha, D. Maria. Dirigiu-se para a ilha Terceira, nos Açores, que se revoltara contra o regime absoluto de D. Miguel.
Mobilizou influências nas cortes da Europa, conseguindo dinheiro, navios e técnicos, criando um exército constituído por emigrantes, açorianos, voluntários e estrangeiros – no total 7500 homens
O desembarque e o início da Guerra Civil
A guerra iniciou-se em 1832, com o desembarque das tropas liberais de D. Pedro no Mindelo, às quais se juntaram muitos liberais que conspiravam no país e no estrangeiro.
No desembarque participaram o próprio D. Pedro e importantes figuras portuguesas que iriam marcar o país nas seguintes décadas, como Alexandre Herculano ou Mouzinho da Silveira.
As tropas dirigiram-se para o Porto.
O Cerco do Porto
-          A tomada da cidade:
Após o desembarque em Pampelido, as tropas liberais dirigiram-se para a cidade do Porto. O cerco foi fácil já que as forças de D. Miguel haviam deixado a cidade quando souberam da ida de D. Pedro para os Açores, preparando-se para a sua invasão, que julgavam ser em Lisboa.

-          A resposta miguelista:
Ao tomarem conhecimento da tomada do Porto, as tropas miguelistas tomaram resoluções imediatas, entre as quais, a acção do comandante supremo das forças de D. Miguel que operava entre a Figueira da Foz e Vila do Conde (visconde de Santa Marta), que deixou a capital, dirigiu-se ao Norte, fixou-se em Vila Nova de Gaia e ordenou que no dia 9 de Julho fosse feito fogo sobre a cidade.
A resposta dos liberais não tardou a surgir, no dia 10 enviaram-se barcos para disparar sobre os miguelistas, enquanto outras forças liberais ocupam Gaia e forçam os miguelistas a recuar.
Sucedem-se uma série de ataques de parte a parte, entre os quais se destaca a Batalha da Serra do Pilar e a tomada de Lisboa pelos liberais que entraram pelo Algarve e dominaram a capital aos miguelistas.
 O fim da guerra
A guerra civil que durou dois anos, viu o seu fim com o desmoralizar das tropas miguelistas. Esta atitude deveu-se a:
-          Baixas nos seus exércitos;
-           Perda do apoio dos populares;
-           Conjuntura externa favorável aos liberais e disposta a apoiá-los;
-           Derrota nas batalhas de Almoster e Asseiceira.
Assim, D.Miguel e as suas forças renderam-se e o primeiro assinou em 1834 a Convenção de Évora-Monte, na qual assumia definitivamente a sua derrota e se comprometia a deixar o país no prazo de quinze dias. Deste modo, D.Miguel partiu para o exílio, de forma definitiva e instalou-se o liberalismo constitucional em Portugal que haveria de perdurar até ao final do sistema monárquico.
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                                        ____Novo Ordenamento Político_____
O novo ordenamento político e económico (1832/34-1851)
à Desde que assumiu a Regência liberal nos Açores, a Março de 1832, D. Pedro não se poupou esforços para que o Cartismo (projecto político do liberalismo moderado defensor da legalidade da Carta Constitucional de, outorgada por D. Pedro IV em 1826. Ao contrário do projecto radical vintista, valorizava a autoridade régia e reconhecia alguns privilégios à nobreza e ao clero. Períodos de vigência: 1826-28, 1834-36 e 1842-51) triunfasse e à sua sombra se construísse o Portugal Novo.
A José Xavier Mouzinho da Silveira, ministro da Fazenda e da Justiça, coube a autoria das grandes reformas legislativas que consolidaram o liberalismo.
Importância da Legislação de Mouzinho da S.
à Ainda nos Açores, Mouzinho da Silveira elaborou um conjunto de reformas com o objectivo de remover as velhas estruturas do Antigo Regime e construir um Portugal mais moderno e progressista.
1.Domínio socioeconómico
2.Administrativo
3.Judicial
A Legislação de Mouzinho da Silveira
àModernizou os velhos sistemas administrativo e judicial do país
1.Abolição dos morgados e capelas com rendimento inferior à 200 mil réis
2.Entinção das sisas, do dízimo e dos forais
3.Fim dos privilégios da companhia dos vinhos do alto Douro
4.Nova divisão administrativa do país – províncias, comarcas e concelhos
5. Nova organização Judicial – Círculos judiciais
Além da legislação de Mouzinho da Silveira, há a destacar figuras como Ferreira Borges e António Aguiar (tabela).
Contexto: Desorganização das finanças – Pré-bancarrota (3 invasões; perda do Brasil…desorganização! Não há dinheiro nos cofres) Para resolver, reformamos! 
Enquanto ministro da fazenda Mouzinho realizou reformas e criou novas leis, dedicou-se à revolução das finanças:
Eliminação do secular sistema de tributação local à Sistema de Tributação Nacional
Erário Régio                                                                    à Tribunal de Tesouro Público
Para centralizar as receitas e pagar as despesas     à Existia em cada província um   
                                                                                           recebedor-geral, e na comarca um   
                                                                                           delegado.
O código comercial    liberalismo económico  à Ferreira Borges
Decreto de 1834 – Joaquim António de Aguiar à extinguiram-se todos conventos, mosteiros, colégios e hospícios de ordens religiosas masculinas, cujos bens foram confiscados na Fazenda Nacional.
1834-34 - O Estado liberal procedeu à venda dos bens nacionais em hasta pública. Isto permitiu o pagamento das dívidas contraídas evitando um aumento dos impostos.
______Do setembrismo a cabralismo_______________________
à A divisão dos liberais entre a defesa do radicalismo vintista e a moderação cartista e a oposição dos absolutistas, mantiveram um clima político e social de instabilidade quase permanente.
à À Revolução de Setembro e ao Setembrismo (1836-42) de que Passos Manuel foi figura proeminente, seguiram-se, seguiram-se a restauração da Carta por Costa Cabral e a Instituição do Cabralismo
à Em 1851 um novo golpe de Estado põe fim ao Cabralismo - começou a Regeneração, com estabilidade político social e desenvolvimento económico.

1822-26
Constituição de 1822
1826-28
Carta Constitucional de 1826
1832
Absolutismo de D. Miguel
1832-34
Guerra Civil
1834-36
Carta de 1826/Cartismo moderado
1836-38
Constituição de 1822
1838-42
Constituição de 1858
1836-42
Setembrismo
1842-51
Carta de 1826/Cabralismo

Constituição de 1822
Constituição de 1858
Carta Constitucional de 1826
_____A Revolução de Setembro de 1836_______________________
A vitória definitiva do Liberalismo, em 1834, não significou a estabilidade por que o país tanto ansiava. Volvidos dois anos, a Revolução de Setembro viria a alterar, mais uma vez, a agitada cena política portuguesa.
O movimento ocorreu em Lisboa e, ao contrário do ocorrido noutras ocasiões (Rev. de 1820, Vila-Francada e Abrilada), teve um carácter eminentemente civil, verificando-se, depois, a adesão militar.
Perpetrada pela pequena e média burguesias e com largo apoio nas camadas populares, a Revolução de Setembro reagiu tanto aos excessos de miséria, em que a guerra civil mergulhara o país, como à actuação do Governo cartista.
Em lugar da carta Constitucional, os organizadores do movimento propunham o regresso da Constituição de 1822, à sombra da qual se ergueria um governo mais democrático.
A actuação do Governo Setembrista 
O novo Governo, onde sobressaíram as figuras do visconde Sá da Bandeira, um dos heróis do Cerco do Porto, e do parlamentar Passos Manuel, declarou-se mais democrático, empenhando-se em valorizar a soberania da Nação e, inversamente, reduzir a intervenção régia.
Para o efeito, preparou-se um novo diploma constitucional, a Constituição de 1838, que funcionou como um compromisso entre o espírito monárquico da Carta de 1826 e o radicalismo democrático da Constituição de 1822. O Monarca perde o poder moderador.
Setembrismo
- Abolição da Carta e retoma da Const. de 1822    
- Apoiado pela burguesia industrial, proletariado urbano e classe média dos comerciantes
à Reformas:
- ensino – criação de liceus nacionais, escolas politécnicas e médico-cirúrgicas em Lisboa e Porto para a formação dos filhos da burguesia
- conservatório da Indústria – pauta aduaneira de 1837
- Política de reconstrução ultramarina em África – impulsionador: Marquês de Sá da Bandeira (Portugal perde a colónia brasileira, e agora, vai buscar recursos à África).
Para o fracasso económico do Setembrismo, aponta-se a falta de capitais (desviados para fins financeiros e usuários) e de vias de comunicação, bem como a permanente instabilidade política.
A constituição de 1838
àInfluências: Constituição de 1822 – Carta constitucional de 1826 – Const. belga de 1831 e Const. espanhola de 1837.
è O rei (neste caso D. Maria II) perde o poder moderador, embora continuasse com o veto definitivo sobre as leis saídas da corte
è Soberania da nação reforçada
è Sufrágio directo censitário
è Sistema bicameral – câmara dos deputados com sufrágio directo.
_________1842-51 Cabralismo___________________________
Período de vigência do liberalismo Português que se identifica com a governação de Costa Cabral. Caracterizado por um exercício autoritário do poder, repôs a Carta Constitucional.
Proibiu enterramentos nas igrejas
1846-47 Motins, verdadeira guerra civil entre setembristas, cabralistas, cartistas puros e até miguelistas! Coligados em juntas revolucionárias
Revolta da Maria da Fonte – reacção popular explosiva às Leis da Saúde, das Estradas, como os procedimentos burocráticos que passaram a envolver a cobrança de impostos.
Já a segunda fase da Guerra Civil, chamada PATULEIA, ocorreu em Outubro de 1846 a Junho de 1847. Tendo como pretexto o não cumprimento das promessas feitas pela rainha, nomeadamente a da realização de eleições por sufrágio directo para a Câmara dos Deputados.
à Reposição da carta de 1826
è Identificação ideológica com o período de 1834-36
è As medidas tomadas durante o governo de C. Cabral favorecem em primeiro lugar a alta burguesia
O CABRALISMO
è Reformas no ensino, na administração, nos transportes e nas telecomunicações
è A opção por uma política centralista e ditatorial causou resistências e violência, traduzidas em levantamentos populares armados
è Destaques: Maria da Fonte e Patuleia
è (o governo viu-se obrigado a solicitar a intervenção militar estrangeira (a nível da quádrupla aliança) para debelar a população)
Motivos de descontentamento perante o Cabralismo
·         Leis da Saúde pública – proibição de enterramento dentro das igrejas
·         Acréscimo de burocracia
·         Autoritarismo governativo
·         1847 – queda de Costa Cabral – afastamento do poder
·         Regressa em 1849
·         Afastamento definitivo em 1851 -  Golpe do Marechal Saldanha
A estabilização da vida social e concílio de forças militares, viriam em 1850 sob o signo da Regeneração.